Igreja histórica de St. John's em chamas em Washington, DC
Incêndio num edifício histórico em frente à Casa Branca; Kevin Corke reporta de Washington, D.C.
Numerosos agentes dos Serviços Secretos ficaram feridos, incêndios provocados por desordeiros deflagraram perto da Casa Branca e as autoridades procuravam carros-bomba no final do Domingo, enquanto os protestos contra a morte de George Floyd continuavam a agitar a capital, apenas dois dias depois de o Presidente Trump ter sido levado para um bunker para sua segurança.
Um alto funcionário da cadeia de comando direta para a defesa de Washington D.C. informou a Fox News dos ferimentos sofridos pelos agentes dos Serviços Secretos, alguns dos quais foram feridos por desordeiros que atiraram garrafas e cocktails Molotov no Lafayette Park, mesmo em frente à residência presidencial. Inicialmente, o funcionário indicou que o número de agentes feridos era superior a 50, mas isso pode ter sido referente ao número total de feridos do Fim-de-Semana; entretanto, os Serviços Secretos afirmaram que o número de feridos no Domingo foi de 14.
Tal como se verificou em Nova Iorque e noutros locais, grupos em Washington estão a colocar carros cheios de materiais incendiários para utilização futura, segundo informações da Fox News. Agentes da U.S. Marshals e da Drug Enforcement Administration (DEA) foram destacados para as ruas de D.C. numa ação extraordinária para reforçar a segurança, juntamente com a polícia local e os agentes da Homeland Security, incluindo os Serviços Secretos, confirmou o Departamento de Justiça no Domingo. A Fox News soube que o procurador dos EUA para D.C., Mike Sherwin, está fortemente envolvido na operação.
As luzes que normalmente iluminam o exterior da Casa Branca foram desactivadas na Segunda-Feira de manhã, o que levou a alguns relatos de que os Serviços Secretos pretendiam utilizar equipamento de visão nocturna para controlar os manifestantes. O vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Judd Deere, disse à Fox News na Segunda-Feira, no entanto, que as luzes foram desligadas devido ao "protocolo padrão", e não por razões de segurança. As luzes exteriores do complexo são normalmente desactivadas às 23h00 ET, a menos que sejam feitos pedidos específicos para as manter ligadas, incluindo por parte dos meios de comunicação social.
Além disso, toda a Guarda Nacional de Washington, D.C., estava a ser chamada para ajudar na resposta aos protestos à porta da Casa Branca e noutros locais da capital do país, de acordo com dois funcionários do Departamento de Defesa. A prefeita de Washington, Muriel Bowser, disse no Domingo que havia solicitado 500 homens da Guarda Nacional de Washington para ajudar a polícia local. Mais tarde, no Domingo, com a escalada dos protestos, o Secretário do Exército, Ryan McCarthy, ordenou que o resto dos Guardas - cerca de 1.200 soldados - se apresentassem.
Enquanto as autoridades entravam em confronto com os manifestantes pela terceira noite consecutiva, a casa paroquial ligada à histórica Igreja Episcopal de St. John, do outro lado da rua da Casa Branca, foi foi incendiada no final do Domingo. A casa paroquial contém escritórios e salões para reuniões. A cave, que também foi incendiada, é utilizada para o acolhimento de crianças durante os serviços religiosos e foi recentemente objeto de obras de renovação.
A polícia perto de um veículo capotado e de um incêndio enquanto os manifestantes protestam contra a morte de George Floyd, no Domingo, 31 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. Floyd morreu depois de ter sido imobilizado por agentes da polícia de Minneapolis. (AP Photo/Alex Brandon)
A igreja diz que todos os presidentes, começando com James Madison, "até ao presente", assistiram a um culto na igreja, dando-lhe a alcunha de "a igreja dos presidentes". Os primeiros cultos na igreja foram realizados em 1816, de acordo com seu site.
Antes do incêndio, os responsáveis pela igreja disseram estar gratos pelo facto de os protestos do dia anterior não terem danificado significativamente a estrutura.
"Temos a sorte de os danos nos edifícios serem limitados", disse o Reverendo Rob Fisher, reitor da igreja, numa declaração feita no Domingo, várias horas antes de o fogo ter sido ateado.
O edifício da Federação Americana do Trabalho e do Congresso das Organizações Industriais (AFL-CIO) também foi incendiado perto da Casa Branca. A AFL-CIO é o maior grupo pró-sindical do país.
Uma hora antes do toque de recolher das 23h00 em D.C., a polícia disparou uma grande barragem de granadas de gás lacrimogéneo contra a multidão de mais de mil pessoas, esvaziando em grande parte o Lafayette Park, do outro lado da rua da Casa Branca, e dispersando os manifestantes pela rua.
Manifestantes protestam contra a morte de George Floyd, Domingo, 31 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Evan Vucci)
A polícia no Parque Lafayette enquanto os manifestantes se reúnem para protestar contra a morte de George Floyd, no Domingo, 31 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Alex Brandon)
Os manifestantes empilharam sinais de trânsito e barreiras de plástico e acenderam uma fogueira no meio da H Street. Alguns retiraram uma bandeira americana de um edifício próximo e atiraram-na para o fogo. Outros acrescentaram ramos arrancados das árvores. Uma estrutura de blocos de cimento, no lado norte do parque, que tinha casas de banho e um gabinete de manutenção, foi engolida pelas chamas.
Vários quilómetros a norte, um protesto separado eclodiu em Northwest D.C., perto da fronteira com Maryland. O Departamento de Polícia Metropolitana diz que houve arrombamentos numa loja Target e num centro comercial que alberga Neiman Marcus, Saks Fifth Avenue Men's Store, T.J. Maxx, um cinema e lojas especializadas. A polícia diz que vários indivíduos foram detidos.
A polícia forma uma linha na H Street enquanto os manifestantes se reúnem para protestar contra a morte de George Floyd, no Domingo, 31 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Alex Brandon)
Os desenvolvimentos surgiram no momento em que se soube que os Serviços Secretos levaram o Presidente Trump para o bunker subterrâneo da Casa Branca na Sexta-Feira à noite, quando os protestos no exterior do complexo se intensificaram.
Um alto funcionário da administração confirmou a informação à Fox News, depois de o The New York Times ter publicado pela primeira vez reportou a história.
"Não demorou muito. Mas ele foi", disse o funcionário no Domingo.
A Casa Branca não quis comentar.
"A Casa Branca não faz comentários sobre protocolos e decisões de segurança", disse o porta-voz da Casa Branca, Judd Deere.
SUSAN RICE SUGERE QUE OS RUSSOS SÃO OS CULPADOS PELOS PROTESTOS
A posição exacta de Trump no Domingo à noite não foi imediatamente clara. Trump viajou para a Flórida no Sábado para assistir ao primeiro lançamento espacial tripulado dos EUA em quase uma década. Regressou a uma Casa Branca praticamente cercada, com manifestantes - alguns violentos - reunidos a apenas algumas centenas de metros de distância durante grande parte da noite.
Manifestantes acendem uma fogueira enquanto protestam contra a morte de George Floyd, no Domingo, 31 de maio de 2020, perto da Casa Branca, em Washington. (AP Photo/Alex Brandon)
Manifestantes protestam contra a morte de George Floyd, Domingo, 31 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Alex Brandon)
A manifestação de Domingo em Washington foi uma das várias que se realizaram em todo o país em resposta à morte de Floyd, um homem negro que morreu sob custódia policial.
Quatro agentes foram despedidos no caso Floyd e um, Derek Chauvin, foi detido e acusado. Um vídeo mostra o agente detido ajoelhado sobre Floyd durante vários minutos, enquanto este gritava que não conseguia respirar [O vídeo da "bodycam" de um dos agentes mostrou que Floyd, quando foi detido, se negou a entrar no veículo policial alegando ter claustrofobia. Mais tarde, já dentro do veículo, Floyd viria a queixar-se pela primeira vez que não conseguia respirar, pedindo aos agentes para que o deixassem sair. Eventualmente os agentes cederam, acção que levou a que Floyd acabasse no chão com os agentes a segurá-lo.], embora o relatório inicial do médico legista não tenha encontrado "quaisquer sinais físicos que sustentem um diagnóstico de asfixia traumática ou estrangulamento" - e tenha citado as "condições de saúde subjacentes de Floyd, incluindo doença das artérias coronárias e doença cardíaca hipertensiva", bem como os "potenciais intoxicantes" no seu sistema.
A escala dos protestos de costa-a-costa rivalizou com as manifestações históricas das eras dos direitos civis e da Guerra do Vietname.
Em Birmingham, Alabama, as imagens parecem mostrar manifestantes a atacar violentamente jornalistas no Domingo.
Andy Grewal, professor da Faculdade de Direito do Iowa tweetou: "Um amigo de Chicago ligou para o 112. O telefone tocou 10 vezes. Explicou que o prédio do outro lado da rua estava a ser assaltado e saqueado e a central desligou-lhe o telefone na cara."
No Minnesota, um semirreboque avançou em direção a uma multidão de manifestantes, numa cena captada num vídeo angustiante. A polícia anunciou que o condutor não identificado foi detido e levado para o Hennepin Healthcare com ferimentos que não ameaçavam a vida, depois de os manifestantes o terem arrastado do camião e aparentemente o terem atacado. Notavelmente, os funcionários da DPS disseram que nenhum dos manifestantes ficou gravemente ferido.
Segundo as autoridades, os manifestantes em Filadélfia atiraram pedras e cocktails Molotov contra a polícia, enquanto multidões mascaradas invadiram lojas de luxo num subúrbio de São Francisco, fugindo com sacos de mercadorias.
Em Austin, Texas, um vídeo mostrou manifestantes que pareciam aplaudir enquanto os pertences de um sem-abrigo eram incendiados.
O saque era galopante na Califórnia, mesmo no abastado subúrbio de Walnut Creek, na Bay Area. Num episódio bizarro, gravado em vídeo, uns saqueadores pareciam saquear outros saqueadores.
Em Brooklyn, dois advogados, incluindo um licenciado pela Faculdade de Direito da Universidade de Nova Iorque, foram acusados de atirar um cocktail Molotov a uma viatura da polícia de Nova Iorque. Colinford Mattis, 32 anos, trabalhava na firma de advogados Pryor Cashman, em Times Square, mas o seu perfil foi retirado do sítio Web da firma após a divulgação da notícia.
Em Denver, a polícia disparou gás lacrimogéneo e projécteis contra os manifestantes que desafiavam o recolher obrigatório, depois de um dia de marcha pacífica e de cânticos de "Não disparem" junto a estabelecimentos comerciais que tinham sido vandalizados na noite anterior.
Dezenas de manifestantes, alguns lançando fogo de artifício, provocaram a polícia e empurraram contentores de lixo para a Colfax Avenue, uma artéria importante, nos confrontos esporádicos que ocorreram a leste do centro da cidade. No Sábado à noite, 83 pessoas foram detidas na zona.
O Presidente da Câmara de Denver, Michael Hancock, classificou o comportamento dos manifestantes indisciplinados como "imprudente, indesculpável e inaceitável".
Foi imposto o recolher obrigatório nas principais cidades dos EUA, incluindo Atlanta, Chicago, Denver, Los Angeles, São Francisco e Seattle. Cerca de 5.000 soldados e aviadores da Guarda Nacional foram activados em 15 estados e em Washington, D.C.
Pelo menos 4.100 pessoas foram detidas durante os dias de protestos, de acordo com um registo compilado pela The Associated Press (AP). As detenções variaram entre pilhagens, bloqueio de auto-estradas e violação do recolher obrigatório.
A cena de Domingo foi semelhante ao episódio ocorrido no exterior da Casa Branca dois dias antes. Por volta da altura em que Trump se dirigiu à segurança na Sexta-Feira à noite, vários agentes foram "agredidos com tijolos, pedras, garrafas, fogo de artifício e outros objectos" - ferindo vários agentes uniformizados da divisão e agentes especiais, segundo os Serviços Secretos.
A extensão dos ferimentos não é clara. Segundo consta, ninguém conseguiu passar a vedação da Casa Branca, mas a agência determinou que a situação justificava uma ação imediata.
Trump disse que "observou todos os movimentos" de dentro da mansão executiva durante o protesto de Sexta-Feira e "não se podia ter sentido mais seguro", uma vez que os Serviços Secretos deixaram os manifestantes continuar, "mas sempre que alguém (...) se divertia demasiado ou passava das marcas, eles caíam rapidamente em cima deles, com força - não sabiam o que os atingia".
No Sábado de manhã, Trump elogiou os Serviços Secretos pela sua proteção da Casa Branca na noite anterior, chamando-lhes "muito fixes e muito profissionais" - e avisou que quaisquer manifestantes que violassem a vedação seriam recebidos por "cães ferozes" e "armas sinistras".
Manifestantes reúnem-se para protestar contra a morte de George Floyd, Domingo, 31 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Alex Brandon)
"O Presidente não toma a decisão de se mudar para o bunker", disse Dan Bongino, antigo agente principal dos Serviços Secretos na proteção presidencial e colaborador da Fox News, no Domingo. "Os profissionais treinados do Serviço Secreto fazem-no".
Embora invulgar, não é inédito que os protegidos sejam levados para o bunker subterrâneo quando há intrusões aéreas ou outras ameaças à Casa Branca. Altos funcionários da Casa Branca, incluindo o então vice-presidente Dick Cheney, foram levados para o bunker após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
A multidão que se encontrava à porta da Casa Branca também se tinha enfurecido contra uma equipa da Fox News no Sábado, perseguindo e batendo nos jornalistas numa cena angustiante captada em vídeo.
A polícia com equipamento anti-motim em frente à Casa Branca enquanto os manifestantes se reúnem para protestar contra a morte de George Floyd, Sábado, 30 de maio de 2020. (AP Photo/Evan Vucci)
O repórter veterano Leland Vittert estava a cobrir os protestos no Lafayette Park, pouco antes da uma da manhã, com três membros da equipa, quando cerca de uma dúzia de manifestantes mascarados os cercaram, em imagens captadas pelo Daily Caller
Depois de um manifestante se ter atirado a Vittert enquanto este fazia uma reportagem em directo, a equipa saiu a correr do parque, perseguida por uma multidão hostil e crescente.
Vittert e a equipa foram esmurrados e atingidos por projécteis enquanto fugiam, e uma câmara da Fox News foi partida quando um membro da multidão tentou agarrá-la.
A polícia disparou gás pimenta contra os manifestantes perto da Casa Branca e a Guarda Nacional de Washington foi chamada este Fim-de-Semana, quando a cena à porta da Casa Branca parecia novamente complicada no Domingo à noite.
O Serviço Secreto tweetou no final do Domingo: "Num esforço para garantir a segurança pública, os peões e os automobilistas são encorajados a evitar ruas e parques perto do complexo da Casa Branca".
Centenas de pessoas convergiram para a Casa Branca e marcharam ao longo do National Mall, gritando "Black Lives Matter", "I can't breathe" e "No justice, no peace".
Os manifestantes atiraram garrafas de água, cones de trânsito, trotinetes e até latas de gás lacrimogéneo contra as linhas da polícia. Pegaram fogo a um carro e a um caixote do lixo e partiram janelas, incluindo na Bay Atlantic University. "O que estão a fazer? Aquilo é uma escola", gritou um homem.
Uma bandeira americana pendurada no Export-Import Bank foi retirada, queimada e substituída por uma bandeira do Black Lives Matter.
Agentes da polícia do Gabinete do Xerife do Condado de Calvert, Maryland, de pé na Ellipse, área a sul da Casa Branca em Washington, enquanto observam manifestantes a protestar contra a morte de George Floyd, Domingo, 31 de maio de 2020. (AP Photo/Alex Brandon)
Trump pareceu aplaudir as tácticas mais duras utilizadas pelas forças da ordem para dispersar os manifestantes na noite de Sábado. Elogiou as tropas da Guarda Nacional destacadas em Minneapolis, declarando: "Nada de jogos!" e disse também que a polícia da cidade de Nova Iorque "tem de poder fazer o seu trabalho!"
"Deixem os melhores de Nova Iorque ser os melhores de Nova Iorque", disse Trump no Twitter depois de regressar à Casa Branca vindo da Florida, onde assistiu ao lançamento de um foguetão SpaceX. Não falou com os jornalistas após o seu regresso e não ficou claro se conseguiu ouvir o protesto por cima do som do seu helicóptero. Mas, pelo menos durante parte do voo, as televisões do Air Force One estavam ligadas à Fox News e à sua cobertura dos protestos.
TRUMP DESIGNA A ANTIFA COMO "ORGANIZAÇÃO TERRORISTA"
No início do dia, tinha menosprezado os manifestantes e prometido "acabar com a violência das multidões".
"Estou diante de vós como amigo e aliado de todos os americanos que procuram justiça e paz, e estou diante de vós em firme oposição a qualquer pessoa que explore esta tragédia para saquear, roubar, atacar e ameaçar", disse o presidente depois de assistir ao lançamento de um foguetão SpaceX. "Cura, não ódio, justiça, não caos, são as missões que temos em mãos".
A polícia estava equipada com material tático. A Guarda Nacional de D.C. foi activada por ordem do secretário do Exército e a pedido da Polícia do Parque para ajudar a manter a ordem perto da Casa Branca, disse o general comandante William J. Walker numa publicação na página da Guarda no Facebook.
Um fogo de artifício explode junto a uma linha policial enquanto os manifestantes se reúnem para protestar contra a morte de George Floyd, no Sábado, 30 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Alex Brandon)
Enquanto alguns manifestantes ficaram perto da Casa Branca, outros marcharam pelas ruas gritando "Sem justiça não há paz" e "Digam o nome dele: George Floyd". O ambiente era de raiva e vários oradores imploraram aos manifestantes que se mantivessem pacíficos.
A marcha fez uma pausa entre o Monumento de Washington e o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana. Os manifestantes sentaram-se na rua para um momento de silêncio que durou os oito minutos ou mais em que o agente da polícia de Minneapolis se terá ajoelhado sobre o pescoço de Floyd.
A polícia em equipamento anti-motim em frente à Casa Branca enquanto os manifestantes se reúnem para protestar contra a morte de George Floyd, Sábado, 30 de maio de 2020, fora da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Evan Vucci)
No Lincoln Memorial, um organizador falou através de um megafone. "Olhem para a esquerda e para a direita e agradeçam a essa pessoa. Não podemos abraçar ninguém por causa da COVID, mas eu amo-vos na mesma". Muitos dos manifestantes usavam máscaras, mas não se distanciavam socialmente.
Outro grupo circulou pelo bairro de Capitol Hill durante pelo menos uma hora em carros, buzinando. Um helicóptero sobrevoou o local.
Numa série de tweets publicados no Sábado, Trump duvidou da fidelidade dos manifestantes à memória de Floyd, dizendo que eram "geridos profissionalmente".
Mais tarde, Trump rejeitou a sugestão de que estava a fomentar um potencial conflito entre os manifestantes e os seus apoiantes. "Estava apenas a perguntar. Mas não faço ideia se eles vão cá estar", disse. "MAGA é Make America Great Again. Já agora, eles adoram os afro-americanos. Eles adoram os negros".
Na manifestação de Sábado, não houve indícios de uma contra-manifestação por parte dos apoiantes de Trump.
Manifestantes reúnem-se para protestar contra a morte de George Floyd, Sábado, 30 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Alex Brandon)
O presidente também criticou os presidentes das câmaras de Washington e Minneapolis.
Trump disse que o presidente da câmara de Minneapolis, Jacob Frey, "é provavelmente uma pessoa muito boa, mas é um presidente de câmara radical e de esquerda". Em seguida, descreveu a forma como assistiu à invasão de uma esquadra de polícia na cidade. "Aquela esquadra ter sido abandonada e tomada, nunca vi nada tão horrível e estúpido na minha vida", disse Trump ao falar brevemente com os jornalistas na Casa Branca.
Disse que as autoridades do Minnesota têm de ser mais duras com os desordeiros e que, ao fazê-lo, estariam a honrar a memória de Floyd.
Manifestantes reúnem-se para protestar contra a morte de George Floyd, Sábado, 30 de maio de 2020, perto da Casa Branca em Washington. (AP Photo/Evan Vucci)
Os Serviços Secretos informaram num comunicado de Sábado que seis manifestantes foram detidos em Washington e que "vários" agentes ficaram feridos. Não foram fornecidos pormenores sobre as acusações ou a natureza dos ferimentos. Um porta-voz da Polícia de Parques dos EUA disse que os seus agentes não fizeram detenções, mas vários sofreram ferimentos ligeiros e um foi levado para um hospital depois de ter sido atingido no capacete por um projétil.
No Sábado, o secretário interino da Segurança Interna, Chad Wolf, classificou os manifestantes de "criminosos" que cometeram "actos de violência enquanto se escondiam atrás do seu direito de protesto legal previsto na Primeira Emenda".
No final de Sábado e início de Domingo, os manifestantes descarregaram a sua raiva invadindo as lojas de luxo de Georgetown, no extremo ocidental do Distrito, e no centro de Washington, partindo janelas e portas de vidro de muitas lojas e saqueando algumas delas.
No seu tweet, Trump afirmou que muitos agentes dos Serviços Secretos estavam "apenas à espera de ação" e prontos para libertar "os cães mais ferozes e as armas mais sinistras que alguma vez vi". A sua referência aos "cães ferozes" que poderiam ser lançados sobre os manifestantes recorda imagens do movimento pelos direitos civis, quando os manifestantes enfrentavam cães da polícia que rosnavam e mangueiras de incêndio de alta pressão.
Numa conferência de imprensa no Sábado à tarde, Muriel Bowser, presidente da câmara da capital do país, classificou os comentários de Trump de "grosseiros" e disse que a referência a cães de ataque evoca as piores memórias da luta do país contra a segregação.
"Apelo à nossa cidade e à nossa nação para que exerçam contenção, grande contenção, mesmo quando o presidente tenta dividir-nos", disse ela. "Sinto que estes comentários são um ataque à humanidade, um ataque à América negra, e tornam a minha cidade menos segura".
Em contraste com os tweets do presidente, o Serviço Secreto disse que "respeita o direito de reunião e pedimos que os indivíduos o façam pacificamente para a segurança de todos".
Fox News' Bret Baier, Matt Leach, Alex Pappas, Mark Meredith, Greg Wilson, John Roberts, and The Associated Press contributed to this report.